terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Seca no Mediterrâneo está a deixar árvores sem folhas

A floresta mediterrânica tem menos folhagem de duas décadas para cá. Um estudo publicado recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences mostra que a seca está a deixar as árvores despidas, o que pode pressionar ainda mais os ecossistemas do Mediterrâneo.
A equipa, que reuniu cientistas espanhóis e holandeses, estudou séries meteorológicas entre 1987 e 2007. A análise mostrou que as alterações climáticas provocaram um aumento da frequência e intensidade dos períodos de seca. Isso trouxe consequências para a folhagem da bacia do mediterrâneo.

“Esta situação traduz-se numa diminuição generalizada da copa das árvores de todas as espécies. As plantas têm menos folhas porque têm menos água, ou seja, adaptam-se à quantidade de água que dispõem”, explicou por comunicado Josep Peñuelas, um dos autores do artigo, que é director da Unidade de Ecologia Global da Agência Estatal do Conselho Superior das Investigações Científicas (CSIC), em Espanha.

As observações foram feitas nas matas da Espanha, onde os cientistas observaram uma diminuição do número de folhas de diversas espécies de árvores como a azinheira (Quercus ilex) ou o pinheiro-do-alepo ( Pinus halepensis). A equipa construiu mapas da Espanha ao longo das duas décadas onde há uma sobreposição notável entre a seca e o aumento de perda de folhagem dos indivíduos.

“O que está a acontecer é que as árvores entram em stress”, explicou ao PÚBLICO por telefone o professor e investigador do Instituto Superior de Agronomia João Santos Pereira. Segundo este especialista em floresta mediterrânica, o fenómeno também é observado em Portugal, principalmente “a sul do rio Tejo”, apesar de não haver um estudo a fundo.

Santos Pereira diz que estas árvores tornam-se mais vulneráveis. “Se há ou não recuperação já é uma coisa que varia muito de caso para caso, a nossa observação empírica é que as árvores têm cada vez menos capacidade para recuperar”, explicou, ou seja, acabam por morrer. 

Se esta tendência se mantiver, “é natural que haja uma diminuição dos números de árvores”, disse o cientista português. Uma das dúvidas de João Santos Pereira é, se no caso de Portugal a diminuição da folhagem é a seca ou é uma relação entre a seca e o ecossistema onde as espécies vegetais estão integradas.

 Fonte: < http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1477264 >    Acesso em: 21 de fevereiro de 2012.

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